sábado, 25 de julho de 2009

O VALOR DE UMA PROFISSÃO (desabafo)

Esses dias que sumi daqui do blog fiquei me perguntando qual o valor de uma profissão e de um profissional. A cada dia que passa o mercado afuní-la se mais, requer dos candidatos mais estudos, mais habilidades, mais tempo disponível, mais criatividade, mais experiência em áreas específicas, mais, mais, mais...
Ao mesmo tempo, principalmente na área da saúde e na área das ciências biológicas, tão ingratas, nós, Nutricionistas e Fonoaldiólogos, Fisioterapeutas, Enfermeros, Farmacêuticos, Profissionais da Educação Física, Veterinários, Biólogos, etc., nos vemos cada vez mais desvalorizados.
E como isso é contraditório!
Hoje, num mundo tão preocupado com a saúde e com preservação da natureza, as oportunidades para profissionais que encararam com tanta coragem e amor se formarem e se manterem nessas profissões, começam à ficar raras, quando ainda os valorizam, ou injustas, banalizando e vulgarizando profissionais tão essenciais à sobrevivência humana.

Hoje, trocando de canal, vi um programa, de uma tal de "Lucília Diniz" (que acho que segue a profissão de socialite e nunca nem passou perto de um curso de Nutrição), ensinando pessoas à emagrecerem, de acordo com método criado por ela mesma e que tinha o nome mais ou menos como "Educação Alimentar por cotas de alimentos" (???). Eram dois obesos, sendo que a moça havia relatado que estava acima do peso desde de 9 anos, quando já pesava 90Kg. Os mesmos foram levados ao mercado de São Paulo, no meio de várias tentações saudáveis ou não. O moço escolheu comer um tradicional sanduiche de mortadela, acompanhado de um pastel frito e um copo de coca-cola. Enquanto a "socialite" levava a moça para escolher petiscos mais leves: uma bandeja de tomate cereja e uma embalagem de cenouras, que foram salgadas em excesso e levadas para a mesma mesa onde o moço olhava com olhos brilhantes para as porções de gordura e açúcar. Mas, antes de começarem a comer, Lucília fez umas contas de cabeça (realmente não entendi como!) e calculou que na refeição do nosso amigo haviam X.000 calorias, além de fazer comentários ridículos. Ele, muito educado, comprou um copo de suco de laranja para as moças, mas a "professora" não deixou a nossa amiga acima do peso beber, desprezando-o, dizendo que o suco tinha muitas calorias e que só era permitido tomar suco "de saquinho diet", que ela tirou da bolsa. Me faço várias perguntas: como pessoas que trazem, ao longo de uma vida, hábitos alimentares incorretos e precisam de muito apoio para modificá-los, podem sofrer imenso constrangimento? Quem disse que devemos trocar alimentos saudáveis, como frutas, por alimentos industrializados, cheios de aditivos? Até onde o estudo é valorizado? E, principalmente, onde está o senso crítico das pessoas que assistem esse tipo de programa, tão comum na nossa TV, e não questionam?
Como Nutricionista, ainda orgulhosa da minha profissão, mas triste com a realidade, só posso dizer o seguinte em relação ao fato: emagrecer é um processo lento, que inclui práticas de (re)educação, levando em consideração inúmeros fatores e contando com o auxílio de outros profissionais como Médicos, Psicólogos, além do Nutricionista.

O fato acima é mais uns dos muitos que me faz questionar a escolha da profissão. Mas como ainda tenho esperança, mantenho minha luta. Sei que emprego perfeito não existe, mas precisamos lutar pela valorização.

Maíra - NUTRICIONISTA

2 comentários:

  1. Ela é sócia do Pão de Açúcar e emagreceu bastante dai querer passar para os outros.

    ResponderExcluir
  2. E ainda é quem cuida de toda a área diet na empresa.

    ResponderExcluir